Futebol - Importância do Modelo de Jogo no seu desenvolvimento
A análise do melhor modelo de jogo, ou seja, o mais evoluído para o caracterizar, é hoje em dia uma discussão importante em torno do futebol português e que condiciona a planificação e estruturação da realidade desportiva nacional.
Como todas as modalidades desportivas, o futebol assenta as suas características e princípios particulares no treino, e nas tendências observadas que podem levar à evolução das metodologias, para uma consequente elevação do nível da modalidade. Apesar desta teorização um pouco utópica, o futebol português (apesar dos excelentes resultados, tanto a nível de selecções como a nível de equipas na Europa) apresenta ainda algumas lacunas, caracterizadoras do futebol nacional. Estas dificuldades, oriundas de diferentes campos, tais como má organizações desportivas e falta delas, pouca sensibilização desportiva, critérios de selecção aleatórios e pouco fundamentados, entre outros, que tornam o futebol português, por vezes incaracterístico e com faltas de diálogo e apoio.
Aos problemas anteriormente apresentados (ente muitos outros de teor organizativo, profissional e social) junta-se um outro de teor mais prático, ou seja, relativo ao jogo: a não definição de um modelo de jogo do Futebol Português. O futebol português ao não apresentar um modelo sistematizado e que incuta aos jogadores uma “moda” adaptada às suas características, fica irremediavelmente atrás dos outros países, possuidores de uma estrutura mais forte e organizada.
O melhor modelo de jogo para o futebol português é, desta forma, uma procura a fim de perspectivar e caracterizar o jogo em Portugal. Para se chegar a esse modelo, é fundamental definir o jogo praticado em Portugal e analisar as diferenças que se deparam com o futebol internacional. Desta forma, o desenvolvimento de qualquer jogo desportivo colectivo está intimamente relacionado com o melhor modelo de jogo, que o ajuda a evoluir, e a desprende-se dos dogmas que, por vezes, não deixam ver para além das “verdades” consideradas definitivas. Para encontrar esta forma melhor de praticar a modalidade, a observação das melhores equipas e praticantes, deve ser algo a ter em conta, bem como as inovações científicas e tecnológicas que fazem do futebol de hoje em dia um desporto mais eficaz, dinâmico e repentino. A evolução do futebol tem se verificando ao longo do tempo e vários pressupostos se foram alterando, dando as equipas importância a factores que antes não seriam tão importantes (simplificação do ataque, eficácia defensiva, etc.).
A evolução do futebol é um aspecto importante na modalidade, e agarrar-se ao convencional e ao retrógrado, leva á estagnação e impede o desenvolvimento de qualquer modalidade desportiva colectiva, neste caso concreto do futebol. O modelo de jogo enriquecido deve portanto, estar em conta como referência relativa e não como elemento dogmático absoluto que restringe a equipa. As características dos jogadores, e os diferentes factores por eles apresentados, devem ser tidos em conta, bem como as condições climatéricas, elemento fundamental neste desporto praticado ao ar livre.
Características do Modelo de jogo mais evoluído
A importância de impor o seu jogo através de diversos factores, como agressividade, aproveitar os erros adversários, são características gerais que uma equipa deve privilegiar. Defensivamente a equipa deve limitar ao máximo a equipa contrária procurando sempre roubar a posse da bola e tentando responder a diversas exigências apresentadas. Ofensivamente a equipa deve trabalhar com o ritmo de jogo desejável para si, procurando a baliza de forma objectiva e com variedade de processos. A importância de cumprir os princípios de jogo e dar lhes significado são a chave para o dinamismo dentro da estrutura.
Importância do Modelo de jogo
A importância de observação de jogos do mais alto nível, e procurar as características que as grandes equipas partilham, levam à tentativa de encontrar o melhor modelo de jogo, de treinador, de jogador e de preparação. Desta forma é fundamental perceber e compreender que o modelo de jogo enriquecido depende de muitos factores e, são esses factores, que se pretende melhorar a fim de aperfeiçoar todos os campos envolvidos num jogo de futebol.
Todo este trabalho é então de uma extrema importância. Apesar da relevância que tal trabalho representa, é de muita dificuldade, devido a diversos factores, encontrar as características comuns desejadas. Antes de mais é necessário fazer uma representação do futebol português a fim de entender as necessidades que serão possíveis de suprir e assinalar o tipo de jogo que é beneficiado e assim procurar o melhor possível para a forma de jogar em Portugal.
O futebol português é um futebol de passe curto, ou seja, apoiado e de transição lenta, com pouca agressividade e com poucas variações no ritmo imprimido ao jogo. No fundo em Portugal apresenta-se um futebol muito compacto, com bons pormenores, mas pouco agressivo. Este tipo de futebol leva a dificuldades a muitos níveis e beneficia outros aspectos, mas fundamentalmente, não chega para cobrir todos os aspectos do jogo, principalmente ao nível da velocidade das transições e na questão da falta de finalização. Os diferentes aspectos do sistema, e a perseguição do melhor modelo de jogo, serão sempre factores que afectam a preparação de uma equipa, onde cada vez mais os treinadores o conseguem perceber no plano da teoria, mas continuam a apresentar muitas dificuldades no plano mais prático, ou seja, da execução.
Alterações eventuais a introduzir no futebol em Portugal
O Futebol português, em unanimidade de opinião, deve ser mais rápido na transição defesa/ataque, mostrando-se muito mais agressivo e fazendo melhor uso dos espaços mais afastados da bola. Estas alterações iriam provocar maiores dificuldades nos adversários, obrigando-os a racionalizar melhor os espaços, fazendo-os oscilar, dando maior abertura às penetrações. Com estas medidas a defesa também sairia a ganhar, obrigando o adversário a trocar a bola mais longe da baliza, facilitando a saída de bola para o ataque organizado, ataques rápidos e contra-ataques.
Estas alterações que se pretendem ver aplicadas teriam que forçosamente mudar asmetodologias do treino e as implicações que isso levaria ao nível dos seus componentes. O treino passaria a ser virado para a procura do melhor modelo de jogo possível, ou seja, os jogadores seriam submetidos a meios de treino adequados a fim de obter resultados, e não a meios dúbios e incaracterísticos onde as modificações não se fariam no sentido desejado. As modificações sentidas no treino teriam de ser bem planificadas e induzidas no plano estrutural do jogo, ou seja, no quadro específico a produzir.
Hoje em dia todos os treinadores e especialistas na modalidade reconhecem os factores energético-funcionais como fundamentais, tanto no treino como no jogo. Cada vez mais a longevidade é preterida em relação à intensidade a fim de tornar os treinos mais competitivos e próximos da realidade desportiva, o que prepara melhor os jogadores, os dota das capacidades físicas, energéticas e mentais necessárias e os aproxima do estado ideal para a prática da modalidade nas melhores condições.
A ideia de que apenas as condicionantes físicas do jogo estão envolvidas na preparação do futebol português acaba por ser um pouco redutor, e por não corresponder totalmente à verdade. A relação do jogador com a bola pode também, de alguma forma, condicionar a velocidade do jogo, e o rumo que o mesmo pode tomar. Assim sendo é óbvio que tanto a componente física como a táctica/técnica são importantes e, mais que isso, estabelecessem uma relação de reciprocidade e de proximidade na criação de situações favoráveis no próprio jogo. O tipo de abordagem ao treino deve ter sempre como prioridade o rendimento da equipa e os factores devem ser trabalhados com esse intuito. A importância de questionar a preparação táctica e física, a fim de permitir a evolução favorável da equipa é assim um factor que vai se demonstrar determinante.
O jogo de futebol é hoje em dia muito mais exigente ao nível do dispêndio de energia e ao nível táctico, onde as equipas têm de enfrentar diferentes situações em curtos espaços de tempo, e os jogadores cada vez mais têm de se adaptar e interiorizar comportamentos que os levem a ser mais eficazes e dinâmicos. O futebol evolui no tempo e as acções utilizadas no futebol de hoje, não são as mesmas de antigamente e o jogador tem de ter capacidade para se adaptar. Desta forma, hoje em dia, não é só o jogo que a equipa constrói que é importante, mas também não permitir que o jogo do adversário se desenvolva da melhor forma.
Apesar de tudo mais importante que dar a entender os princípios de jogo, e a forma como a equipa deve jogar, é treinar para que os pressupostos requeridos pelo treinador sejam cumpridos, e não esperar que eles simplesmente saiam com naturalidade por parte dos jogadores. Os resultados surgem conforme a rapidez e eficácia com que todos estes supostos são inalados pelos jogadores, dirigentes e todas as pessoas que estruturam o futebol.
A importância da boa organização é fundamental e por isso: “Os resultados serão tanto mais satisfatórios quanto mais cedo estas preocupações estiverem presentes na formação dos atletas, sem esquecer todos os condicionalismos impostos pelo processo de desenvolvimento das estruturas de suporte da actividade”